sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sumaré, Nova Odessa, aceito ticket


Confesso que nunca havia andado de van, destas de parar de ponto em ponto. Não que eu seja metido a bacana, mas o fato é que quando se tem carro para andar por aí, não há motivos para pegar ônibus. Mas me obriguei a isto, para saber como é na prática.

Me organizei para pegar uma van, deixando o carro na empresa. Achei o ponto final na cidade. A van estava parada no ponto, motor desligado. Meio cheia, havia lugar para sentar. Sorte minha, pois com os meus quase dois metros de altura teria de andar curvado dentro daquela van, se fosse em pé. No assento do meu lado, um rapaz dormia com a cabeça encostada no vidro. O resto dos passageiros estavam impassíveis.

O motorista, que eu não havia reconhecido pelo jeans e camisa comum que usava, entrou, seguido de uma moça, esta sim de blusa de uniforme azul. Os dois de tênis. A moça, uns 30 anos, se sentou sobre o cofre do motor, conversando animada com o motorista. Não havia placa proibindo isto, observei. A van arrancou e seguiu pela Suleste, entrando em cada ponto, houvesse alguém interessado ou não. “Sumaré, Nova Odessa, aceito ticket” gritava a plenos pulmões a moça em direção à porta, mas sem se levantar.

Já na Anhanguera, transito tranqüilo, o motorista, de óculos escuro daqueles de camelô, imperturbável, continuava no seu entra e sai de ponto em ponto. A moça “Sumaré, Nova Odessa.....”. alguns passageiros entraram, em geral trocando seus tickets. Entrou também uma senhora com uma menina de uns 4 anos. A cobradora gritona levantou e cedeu seu inseguro lugar para a menina, que passou a escorregar para todos os lados seguindo o andar da van, sob o olhar da preocupada mãe, sentada alguns passos dali.

O meu ponto se aproximava, e nada de me cobrarem. Nem ao menos sabia quanto seria. Nem tampouco como iria pedir para parar, não havia a famosa “cordinha” dos meus tempos de moleque. A cobradora? Estava a todo vapor conversando por Nextel com alguém que supus ser de outra van. Acho que sentiu minha aflição, porque olhou para mim, identificando um peixe fora d’agua. Sucão, falei, informando que iria descer na lanchonete a beira da Anhanguera. Ela mostrou com os dedos que a tarifa era de dois reais e cinqüenta centavos. Por sorte tinha trocado comigo, e paguei. Ela gritou para o motorista: “Sucão”.

A minha curta aventura havia terminado.
Postado por Udo Fiorini, RA 07286602 através do e-mail do Lucas Nobre

Nenhum comentário: