segunda-feira, 16 de junho de 2008

Experiências, construção, identidade....etc

A longo do trabalho é possível notar vários aspectos relevantes dos quais não tínhamos notado começo. Vale lembra que para nós, o perueiros era um grupo por isso a tal escolha. È complicado detectar atitudes e ter um distanciamento do grupo quando você quer vivenciá-lo para saber como é na pratica. Acredito que existam sim vários grupos, você, eu temos pessoas das quais nos identificamos ou passam a ser do nosso grupo “com quem andamos” por trabalhar, estudar, enfim acabam fazendo parte do nosso cotidiano e automaticamente nasce o grupo. É lógico que isso acontece por ter alguma característica em comum, por exemplo, o modo de se vestir, falar, ideologias ou ate mesmo categorias profissionais como a do trabalhador de van.
Como visto na entrevista os motorista não se vêem diferente dos alunos, inclusive como disse um dos entrevistado, quando perguntamos se tem alguma gíria ou comportamento que o identifique como um grupo ele foi incisivo a dizer não. Somos iguais a todo o mundo, não temos nada de diferente apenas trabalho (pertenço a uma categoria) pelo ao contrario os alunos sim utilizam gírias e de várias “posturas” para se comunicar uns com os outros.
Fica aqui a minha constante indagação o que é ser um grupo?
Para o outro você sempre será visto através de um estereotipo, mesmo quando consideramos nossas atitudes comuns, ela pode ser vista pelo o outro de forma bastante corriqueira. As pessoas não vivem sozinhas, cria-se uma relação umas com as outras, portanto todas estão inseridas a grupo dentro da sociedade. Na verdade a minha reflexão para este assunto, é que a construção de um grupo é melhor vista pelo o outro do que por si próprio, isto não é uma verdade absoluta; para toda regra há uma exceção e ainda há grupos que identificam-se como tal.

Heróis do Trânsito

Em tempos de escassez de trabalho formal, onde o homem está sendo substituído pelas máquinas, uma alternativa para se ganhar a vida de forma justa se apresenta cada vez mais necessária. Vários fatores tomam os pensamentos desses profissionais que dependem exclusivamente de seus veículos e da qualidade do serviço prestado para ter um salário no fim do mês.
A sobrevivência nas grandes cidades é cada vez mais cara, a grande maioria das atividades cotidianas demanda dinheiro – inclusive a manutenção dos veículos e o combustível para sua circulação. Por serem profissionais autônomos, sua remuneração da coleta de passageiros por seu itinerário. Fazer seus trajetos no menor tempo possível e com todos os assentos ocupados é o objetivo desses motoristas, o que significa mais passageiros viajando e pagando pela viagem, ou seja, uma melhor remuneração. Embora carregue no seu furgão mais de dez pessoas, a atividade do motorista é inicialmente solitária, ele dirige enquanto seus passageiros dormem, conversam entre si ou até têm conversas consigo. Seu trabalho consiste em pegar os passageiros nos pontos de ônibus e levá-los principalmente até o Centro da cidade. São várias viagens percorrendo o mesmo trajeto, com diferentes pessoas com as quais, muitas vezes, só têm contato visual, somente na hora em que o passageiro acena para embarcar e na hora do pagamento. Ali, entre o volante e sua poltrona, ele é um indivíduo que, apesar de ter o controle por ser o motorista, comporta-se como mais um componente do grupo que viaja junto. Suas impressões, sua vida, suas histórias são compartilhadas, assim com as dos usuários do seu serviço.
O pertencimento ao grupo – ou o sentimento de posse do motorista – pode extrapolar a realidade confinada da van. A ida e a volta podem não r esumir a interação que acontece, uma vez que ela pode se expandir para outras esferas da vida social dos indivíduos do grupo. Motoristas e passageiros podem interagir em eventos sociais, tanto com envolvimento profissional quanto com envolvimento pessoal.
Em cidades como Campinas, não é tão comum o transp orte de passageiros como metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo, onde a vida corre em ritmo frenético, enlouquecido e alucinante. O mais comum em cidades menores é o transporte de alunos para universidades, onde a realidade é um pouco mais tranqüila. São elaborados contratos de dez meses, onde o estudante se compromete a pagar em dia o boleto, sendo impedido de embarcar caso não honre com suas obrigações. Por trabalharem em cidade distantes de suas residência, os motoristas dormem nas vans enquanto os alunos estão e aula, costumam também jogar baralho, assistir tv ou conversar para passar o tempo.
Por depender do dinheiro pago pelos alunos, os proprietários das vans muitas vezes precisam agüentar abusos para não perder um cliente. Alunos exigem que o motorista pare para comprar bebidas, querem transportar pessoas que não fazem parte do grupo de estudantes, como namoradas e amigos e precisa ficar atento para não ter seu veículo destruído por alunos inescrupulosos.
É uma difícil realidade que só pode ser compreendida por quem passa por essa experiência, mas que os heróis do trânsito enfrentam com toda maestria, pois a paixão e a necessidade se confundem nessa profissão. A maior responsabilidade soa motoristas de vans é a certeza de que sua “carga” é composta por seres humanos, pessoas com realidades e necessidades diferentes umas das outras, é necessário um verdadeiro exercício de paciência e bom humor para enfrentar todos os dias esse trabalho que fascina e estressa.

Organização e Alternativa

O transporte alternativo é um fenômeno que há pouco mais de dez anos se impôs como uma realidade cada vez mais presente nas vias das cidades e estradas brasileiras. Chamadas de vans em alguns pontos, e de peruas em outros, esses veículos que transportam de uma só vez entre 8 e 14 passageiros (mais o motorista) competem com o transporte
oficial – ônibus, metrô e trens. Milhares de pessoas cortam a cidade transportadas por
elas, dirigidas por um novo personagem urbano, os motoristas de van, indivíduos que
trabalham de forma autônoma, reunidos em cooperativas.
As pessoas que estão precisam chegar ao trabalho no horário, e não conseguem embarcar nos ônibus lotados. Seria uma alternativa onde as pessoas conseguiriam sentar-se e chegar com um pouco mais de conforto ao seu ponto final. O grande benefício das vans e peruas é que as pessoas conseguem fugir da falta de qualidade do transporte público e podem chega um pouco mais cedo, ou no horário, no seu local de trabalho, pois por transportar menos pessoas, as paradas são menos freqüentes.
Não existem empresas que ponham as vans nas ruas para circular, não há chefes.
Os motoristas se organizam em cooperativas e essas organizam as linhas, todos têm a mesma posição hierárquica dentro do grupo. E mesmo estando em veículos diferentes,
que se mantém em constante movimento pelas ruas e avenidas da cidade, a comunicação é constante via rádio, que lhes permite trocar informações em tempo real.

Perueiros, topiqueiros, motoristas de van, transporte alternativo,...

Nossa equipe fez o primeiro contato com os perueiros sediados na Pucc, no final de Março último. Naquela noite, meio sem jeito, procuramos um grupo de motoristas que se encontravam em uma van, conversando. Esta van se encontrava estacionada ao lado de outras, algumas com os seus motoristas a bordo. Na “nossa” van, o motorista era uma mulher, talvez com seus 45 anos, mais ou menos. Era a única mulher no grupo, composto de mais 3 homens, todos da mesma idade, aproximadamente 45 anos.

Conversavam e havia uma pequena televisão ligada. Nos apresentamos, comentamos a razão do nosso contato, e enquanto o John fazia fotos, eu ajeitei o gravador e o nosso grupo entrava no papo. Os perueiros parecem que já estavam acostumados com aquilo, afinal, transportavam alunos universitários que com certeza já os haviam “importunado” antes.

Ficamos por ali jogando conversa fora, e não posso dizer que alguma coisa nos tenha chamado demasiadamente a atenção. Afinal, alguns da nossa equipe já tinham uma relação mais próxima destes profissionais, se é que se pode chamá-los assim. Eu, especificamente, pelo fato de não usar este tipo de transporte, tinha maior curiosidade de saber como é este sujeito que me ultrapassa em alta velocidade todos os dias no trânsito, me corta, me fecha, atravessa a pista na minha frente para parar em seguida, e quando não está com pressa nenhuma, pois o horário de rush já passou, simplesmente não se incomoda de andar na menor velocidade possível, brecando todo o fluxo de veículos. Se alguém entrasse neste tema, certamente iriam escutar de mim, esquentado que sou.

Pois o que encontramos foi um bando de sujeitos simpáticos, educados, do qual é impossível ficar inimigo. Talvez tenham um nível de cultura maior que os perueiros que fazem o transporte urbano, são os donos das suas próprias vans, e isto pode fazer a diferença. Em todo caso, nada parecido com aqueles afobados que eu normalmente observava no trânsito.

Nos ofereceram café, que tinham em uma garrafa térmica. Conversamos sobre a atividade, e alguns confessaram que tinham 3 turnos, ou seja, de manhã, a tarde e a noite. Naquele horário e na Pucc Campus 1, não era interessante voltarem para casa, tinham de ficar por ali para voltar com os alunos. Satisfeitos? Sim disseram, os ganhos não eram tão ruins. E ainda havia a possibilidade de poderem fazer alguma atividade outra, que se encaixasse nos horários livres.

Para ficar na Antropologia, nada que os identificasse como um grupo a parte. Absolutamente normais na maneira de agir e de falar, sem atitudes ou gírias próprias. Pensar a alteridade a partir desta experiência? Sem maiores problemas.

Postado por Udo Fiorini, RA 07286602

"Alma de motorista de van"

Os motoristas de van que passam em cada ponto, em busca de pessoas para transportar, geralmente utilizam estratégias para conseguir isso. A linha 357 que sai da rodoviária em direção ao campus I da PUC-Campinas é um caso como este. Utilizei esse transporte nos últimos dias para determinar se havia alguma diferença entre os motoristas e cobradores das vans e os do ônibus convencional. E essa diferença existe. Nas vans há uma preocupação em tratar bem o usuário do transporte, semelhante a um vendedor com um cliente. O motorista passa devagar nos pontos, espera paciente todos entrarem e se ficar alguém no ponto ainda pergunta: “Vamos?” Como um vendedor que pergunta a pessoa indecisa “Vai levar?”. E se você responde que não, o motorista ou cobrador acena um tchau, como se dissesse: “então deixa para próxima”.Se você decide ir, o cobrador indica lugares para você sentar, se estiver lotado, oferece o próprio lugar para você sentar. No momento de cobrar o pagamento da “viagem”, passa pelos bancos e não reclama se você der uma nota de dez reais. Em todas as vezes que isso aconteceu o cobrador tinha troco para me devolver e não fiquei constrangida como em outras ocasiões, uma delas no ano passado, em que ao passar pela catraca de um ônibus convencional com uma nota de dez reais, o cobrador me destratou dizendo “Você fica sentada aí na frente esse tempo todo, pô tem que falar que não tem trocado”.Como se fosse eu que tivesse obrigação de andar com dinheiro trocado, e não o cobrador. Na van, há uma preocupação em cativar o usuário, para que ele volte a utilizar o mesmo transporte. Essa constatação foi feita quando eu esperava o ônibus de 7:30 hs da manhã em um dia de ônibus cheio. O motorista de van é geralmente proprietário do próprio veículo, diferente dos motoristas de ônibus convencionais, é responsável por seu salário, e não tenta transferir aos usuários do transporte seu mal-estar com relação ao baixo salário ou condições de trabalho. É claro, que isso não acontece sempre. Posso dizer que há motoristas de ônibus com “alma de motoristas de vans”, como o famoso Omar, também da linha 357, que passa as 10 hs e trinta da noite. Acostumado a cortar caminho para driblar o trânsito, fazer camaradagem com os alunos, eu mesma já sentei várias vezes nos bancos da frente para bater papo com o Omar, e já ganhei até uns doces dele, na verdade dois pirulitos. Lembro que fiquei morrendo de vergonha quando ele me disse, só você que não pegou o meu pirulito. Há há há há! O Omar é um exemplo de pessoa que mesmo não fazendo parte efetivamente de um grupo (o dos motoristas de van ) é portador de características que podem identificá-lo como parte. Semelhante ao negro que vive na Amazônia e mesmo não sendo índio, divide com estes crenças e costumes.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sumaré, Nova Odessa, aceito ticket


Confesso que nunca havia andado de van, destas de parar de ponto em ponto. Não que eu seja metido a bacana, mas o fato é que quando se tem carro para andar por aí, não há motivos para pegar ônibus. Mas me obriguei a isto, para saber como é na prática.

Me organizei para pegar uma van, deixando o carro na empresa. Achei o ponto final na cidade. A van estava parada no ponto, motor desligado. Meio cheia, havia lugar para sentar. Sorte minha, pois com os meus quase dois metros de altura teria de andar curvado dentro daquela van, se fosse em pé. No assento do meu lado, um rapaz dormia com a cabeça encostada no vidro. O resto dos passageiros estavam impassíveis.

O motorista, que eu não havia reconhecido pelo jeans e camisa comum que usava, entrou, seguido de uma moça, esta sim de blusa de uniforme azul. Os dois de tênis. A moça, uns 30 anos, se sentou sobre o cofre do motor, conversando animada com o motorista. Não havia placa proibindo isto, observei. A van arrancou e seguiu pela Suleste, entrando em cada ponto, houvesse alguém interessado ou não. “Sumaré, Nova Odessa, aceito ticket” gritava a plenos pulmões a moça em direção à porta, mas sem se levantar.

Já na Anhanguera, transito tranqüilo, o motorista, de óculos escuro daqueles de camelô, imperturbável, continuava no seu entra e sai de ponto em ponto. A moça “Sumaré, Nova Odessa.....”. alguns passageiros entraram, em geral trocando seus tickets. Entrou também uma senhora com uma menina de uns 4 anos. A cobradora gritona levantou e cedeu seu inseguro lugar para a menina, que passou a escorregar para todos os lados seguindo o andar da van, sob o olhar da preocupada mãe, sentada alguns passos dali.

O meu ponto se aproximava, e nada de me cobrarem. Nem ao menos sabia quanto seria. Nem tampouco como iria pedir para parar, não havia a famosa “cordinha” dos meus tempos de moleque. A cobradora? Estava a todo vapor conversando por Nextel com alguém que supus ser de outra van. Acho que sentiu minha aflição, porque olhou para mim, identificando um peixe fora d’agua. Sucão, falei, informando que iria descer na lanchonete a beira da Anhanguera. Ela mostrou com os dedos que a tarifa era de dois reais e cinqüenta centavos. Por sorte tinha trocado comigo, e paguei. Ela gritou para o motorista: “Sucão”.

A minha curta aventura havia terminado.
Postado por Udo Fiorini, RA 07286602 através do e-mail do Lucas Nobre

sábado, 7 de junho de 2008

" Vendendo o seu peixe"...

As vantagens de andar nas vans escolares é por exemplo: o conforto, tranquilidade, comodidade entre outros atrativos para manter e ganhar novos passageiros.
Na van do seu Luis o ambiente é bem descontraído, os alunos vem jogando truco, o baralho foi dado pelo próprio motorista . Música e filmes também fazem parte do percurso.
A viagem é longa venho de Limeira todos os dias para trazer os alunos para faculdade, a van é a hora que eles tem para estudar, conversar e descansar então é muito importante fazer do carro um ambiente agradável, pois a melhor propaganda é feita de boca a boca.
O aluno deste ano indica para um amigo que vai entrar na faculdade o ano que vem . Fala que a van é boa, eles acaba vendedo meu serviço, vários pessoas já ligaram perguntando atraves de indicação.